Qual a origem da raça humana?

Um dos temas mais fascinantes do kardecismo é o da história espiritual da humanidade. Se somos principalmente unidades encarnáveis, por certo tivemos vivências pretéritas comuns enquanto sociedade coletiva, a par das origens diversas de alguns.

A ciência dos encarnados, por assim dizer, ainda não concebe um retrospecto do homem anterior à formação geológica da Terra, mas a concepção reencarnatória, tanto em ficção quanto descrição, dá conta de recompor um cenário dos que primeiro aqui chegaram. No Livro dos Espíritos [p.226], um iniciático vislumbre:

"O paraíso terrestre, cujos vestígios têm sido inutilmente procurados na Terra, era, por conseguinte, a figura do mundo ditoso, onde vivera Adão, ou, antes, a raça dos Espíritos que ele personifica. 

A expulsão do paraíso marca o momento em que esses Espíritos vieram encarnar entre os habitantes do mundo terráqueo e a mudança de situação foi a consequência da expulsão.

O anjo que, empunhando uma espada flamejante, veda a entrada do paraíso simboliza a impossibilidade em que se acham os Espíritos dos mundos inferiores, de penetrar nos mundos superiores, antes que o mereçam pela sua depuração. 

Claramente, há uma referência pontual de queda dos espíritos que aqui encarnam, para além da concepção geral evolutiva entre a ignorância e a sabedoria.

Quando o espírito da verdade descreveu os eixos da inteligência e moral à Kardec, advertindo a impossibilidade lógica de retroceder cada estágio evolutivo, pretendeu enfocar um ser que definitivamente superou as provas a que se sujeitou, sem titubear.

Nas histórias das civilizações, existem momentos de transição planetária que separam os seus habitantes em dois grupos, e podem ser sintetizadas por uma das parábola do semeador:

"Deixem que cresçam juntos até à colheita. Então direi aos encarregados da colheita: Juntem primeiro o joio e amarrem-no em feixes para ser queimado; depois juntem o trigo e guardem-no no meu celeiro"
[Mateus 13:30]

Chega um termo no ciclo evolutivo de um planeta, em que as distâncias entre os que evoluíram e os rebeldes que preferiram estagnar tornam-se tão evidentes e inconciliáveis, que estes últimos acabam impedidos de reencarnar, sendo então transferidos para um orbe mais primitivo, a fim de que se corrijam e ao mesmo tempo auxiliem inferiores locais a ascender. A este processo dá-se o nome de transmigração.

Trata-se de um reforço das provas reencarnatórias, aptas a converter um conjunto de espíritos muito endurecidos no erro. É dizer, admite-se o exílio de uma parcela da população desencarnada na proscrição reparadora de outro plano de expiação.

No clássico de Edgard Armond Os Exilados de Capela [Aliança, 3a ed. 2012.], psicografia de Razin, vê-se:

"... esta humanidade atual foi constituída, em seus primórdios, por duas categorias de homens, a saber: 

uma retardada, que veio evoluindo lentamente, através das formas rudimentares da vida terrena, pela seleção natural das espécies, ascendendo trabalhosamente da Inconsciência para o Instinto e deste para a Razão; homens, vamos dizer autóctones, componentes das raças primitivas das quais os “primatas” foram o tipo anterior mais bem definido; 

e outra categoria, composta de seres mais evoluídos e dominantes, que constituíram as levas exiladas da Capela, o belo orbe da constelação do Cocheiro a que já nos referimos, além dos inumeráveis sistemas planetários que formam a portentosa, inconcebível e infinita criação universal."

Prossegue o revelador,  esclarecendo:

"Esses milhões de ádvenas para aqui transferidos, em época impossível de ser agora determinada, eram detentores de conhecimentos mais amplos e de entendimentos mais dilatados, em relação aos habitantes da Terra, e foram o elemento novo que arrastou a humanidade animalizada daqueles tempos para novos campos de atividade construtiva, para a prática da vida social e, sobretudo, deu­-lhe as primeiras noções de espiritualidade e do conhecimento de uma divindade criadora."

Todas as religiões cristãs, à sua maneira, têm intuído que este momento de transmigração espiritual do Planeta Terra chegou. Estamos caminhando da fase de expiação para regeneração, onde muitas dores serão aplacadas e novas descobertas acelerarão o processo evolutivo, até que a depuração presenteie os herdeiros com a livração do mal ostensivo

A obra Os Exilados de Capela está disponível na BIBLIOTECA.

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