As muitas moradas na Casa do Pai (iii)

Dando continuidade ao estudo da vida em outros planetas, abordaremos a evolução  dos mundos.

Um primeiro aspecto a ser considerado é o de que nem todos os globos são habitados de seres encarnados ou desencarnados e, portanto, faz sentido questionar qual seria a sua utilidade. Em A Gênese [Brasília: FEB, 2013. p.118], Kardec nos esclarece que o esplendor de muitas paisagens servem exatamente do mesmo modo que os mais belos locais de visitação na Terra, onde é possível recobrar as forças do espírito na tranquilidade serena, apreciar o jogo de cores, luzes e sons da criação em suas mais admiráveis nuances. 

Nos paraísos habitados, nos dá uma primeira idéia da infinidade das espécies o seguinte trecho:

60. Acostumados, como estamos, a julgar das coisas pela nossa insignificante e pobre habitação, imaginamos que a natureza não pode ou não teve de agir sobre os outros mundos, senão segundo as regras que lhe conhecemos na Terra. Ora, precisamente neste ponto é que importa reformemos a nossa maneira de ver [...] em tudo e por toda a parte lereis esta verdade universal: A natureza onipotente age conforme os lugares, os tempos e as circunstâncias; ela é una em sua harmonia geral, mas múltipla em suas produções; brinca com um Sol, como com uma gota de água; povoa de seres vivos um mundo imenso com a mesma facilidade com que faz se abra o ovo posto pela borboleta.

61. Ora, se é tal a variedade que a natureza nos há podido evidenciar em todos os sítios deste pequeno mundo tão acanhado, tão limitado, quão mais ampliado não deveis considerar esse modo de ação, ponderando nas perspectivas dos mundos enormes! quão mais desenvolvida e pujante não a deveis reconhecer, operando nesses mundos maravilhosos que, muito mais do que a Terra, lhe atestam a inapreciável perfeição! 
Não vejais, pois, em torno de cada um dos sóis do espaço, apenas sistemas planetários semelhantes ao vosso sistema planetário; não vejais, nesses planetas desconhecidos, apenas os três reinos que se estadeiam ao vosso derredor. Pensai, ao contrário, que, assim como nenhum rosto de homem se assemelha a outro rosto em todo o gênero humano, também uma portentosa diversidade, inimaginável, se acha espalhada pelas moradas eternas que vogam no seio dos espaços.Do fato de que a vossa natureza animada começa no zoófito para terminar no homem, de que a atmosfera alimenta a vida terrestre, de que o elemento líquido a renova incessantemente, de que as vossas es-
tações fazem se sucedam nessa vida os fenômenos que as distinguem, não concluais que os milhões e milhões de terras que rolam pela amplidão sejam semelhantes à que habitais. Longe disso, aquelas diferem, de acordo com as diversas condições que lhes foram prescritas e de acordo com o papel que a cada uma coube no cenário do mundo. São pedrarias variegadas de um imenso mosaico, as diversificadas flores de admirável 
parque."

Também podem os espíritos errantes buscar instrução e confraternização nos mundos de passagem, conforme se lê no Livro dos Espíritos [p.156]:

... há mundos particularmente destinados aos seres errantes, mundos que lhes podem servir de habitação temporária, espécies de bivaques, de campos onde descansem de uma demasiado longa erraticidade, estado este sempre um tanto penoso. São, entre 
os outros mundos, posições intermédias, graduadas de acordo com a natureza dos Espíritos que a elas podem ter acesso e onde eles gozam de maior ou menor bem-estaos Espíritos que se encontram nesses mundos podem deixá-los, a fim de irem aonde devam ir. Figurai-os como bandos de aves que pousam numa ilha, para aí aguardarem que se lhes refaçam as forças, a fim de seguirem seu destinoOs que vão a tais mundos levam o objetivo de se instruírem e de poderem mais facilmente obter permissão para passar a outros lugares melhores e chegar à perfeição que os eleitos atingem. 

Uma outra questão importante refere-se à possibilidade ou não de locomoção entre mundos pelos espíritos. A este respeito também esclarece o Livro dos Espíritos [p.155-156]:

Pelo simples fato de haver deixado o corpo, o Espírito não se acha completamente desprendido da matéria e continua a pertencer ao mundo onde acabou de viver, ou a outro do mesmo grau, a menos que, durante a vida, se tenha elevado, o que, aliás, constitui o objetivo para que devem tender seus esforços, pois, do contrário, nunca se aperfeiçoaria. Pode, no entanto, ir a alguns mundos superiores, mas na qualidade de estrangeiro. A bem dizer, consegue apenas entrevê-los, donde lhe nasce o desejo de melhorar-se, para ser digno da felicidade de que gozam os que os habitam, para ser digno também de habitá-los mais tarde.





Comentários

Postagens mais visitadas